quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Problemas - seus, meus, nossos

Não é novidade nenhuma que todo mundo tem uma série de problemas. Não importa a idade, o gênero, a classe social, o lugar que moramos, as roupas que vestimos – sejam garotos adolescentes ricos em Harajuku, no Japão, vestidos de personagens de animes favoritos ou mulheres adultas pobres da América Latina, usando roupas surradas do excessivo trabalho: todos temos questões a serem solucionadas.

Às vezes, esquecemos dessa verdade clichê absoluta e achamos que os problemas que a nós – e somente nós – pertencem são os problemas-foco do mundo, senão do universo. Não há abertura de consciência para compreender que existem outras pessoas no planeta. Algumas pessoas, de suma importância, que se encontram tão próximas, acabam se distanciando por perderem a paciência com o nosso egoísmo. Pode ser que essa distância também é dada por nós mesmos, que dissolvemos as possibilidades de estar perto com desvios de atenção cada vez mais constantes - o computador, a televisão, o celular que nos aliena; "amizades" que não nos acrescentam absolutamente nada; eventos, festas, passeios que se tornam fugas; o trabalho excessivo, o estudo cansativo; até mesmo os problemas em si tornam-se vias de quilômetros de distância daqueles que são imprescindíveis para nossa existência.

Por fim, encontramo-nos em nosso mundinho, esse mundinho tão egoísta, tão individual, que nos torna pessoas mesquinhas, ignorantes, cegas, que não enxergamos a realidade do alheio. Enquanto um amigo passa por dificuldades financeiras, acabamos por reclamar pela falta de dinheiro para comprar supérfluos. Choramos por uma unha quebrada, uma espinha no rosto, um corte de cabelo malsucedido, quando existem pessoas perdendo cabelo, sofrendo com hematomas e feridas, perdendo as forças por se submeterem a tratamentos com medicação intensa. Reclamamos de carência de atenção, ao passo que outros sofrem em seus lares com violência doméstica, hostilidade e assédio moral no trabalho, bullying na escola.

Será que é muito difícil tirar a venda do "meu" e colocar o óculos do "nosso", pra enxergar que existem pessoas em situações muito mais constrangedoras, difíceis e que demandam mais atenção - e cuidado, acima de tudo?

Lágrimas no velório de soldados mortos na guerra do Afeganistão.

Enfim, é difícil não priorizar os próprios problemas. Contudo, não podemos nos imobilizar e não agir mediante o estado dessas pessoas que, muitas das vezes, só precisam de ser ouvidas!
Sei que nem todos andam com lenços na bolsa, mas não custa nada gastar poucas horas que sejam para enxugar as lágrimas daqueles que sofrem. Dividir palavras meigas, encorajadoras; iluminar esperanças com um sorriso. E o mais legal de tudo isso - quem ganha mais? Existe satisfação maior do que aquela de ver o contentamento de outrem?

Ralph Guidry, à esquerda, membro do time de futebol americano dos EUA K-State, compartilha uma risada com Kate, uma paciente de 4 anos, no Texas Scottish Rite Hospital (Hospital do Rito Escoteiro do Texas), na quinta-feira, dia 05 de janeiro de 2012. Todo o time de futebol visitou o hospital para dar autógrafos e misturar-se com as crianças.

Ainda assim, se pra você é muito difícil ou desconcertante, que tal perguntar "Tudo bem?" Custa menos ainda e não dói nada! Contudo, não adianta perguntar por rotina, ou por obrigação. Ao perguntar se está tudo bem, a atitude demonstra muito mais do que pensamos. É um ato de atenção, de interesse verdadeiro e de ajuda. É sinal de que nos preocupamos - e que verdadeiramente estamos ali para fazer o que for possível para ajudar, mesmo que não esteja ao alcance. Mostra que você é uma pessoa em quem pode-se depositar confiança, que se pode contar - como amigo, como humano, como alguém que sinceramente se preocupa.

Tudo bem?


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Alguns pedidos.

Gostaria de pedir paz.
Se não for pedir muito, gostaria de começar por você mesmo.

Peço um pouco de espaço, para respirar o ar que preciso para viver.
Um pouco de espaço, para me mover e agir para que a minha vida continue.

Peço um pouco de respeito, em favor de ser um ser humano como você.
Um pouco de respeito, para ser quem sou e não precisar de derramar lágrimas vãs por suas atitudes hostis.

Peço um pouco de privacidade, para ter o respeito e o espaço que pedi anteriormente.
Um pouco de privacidade, para criar minha identidade, meu caráter e enfrentar os meus percalços - ainda que sozinho.

Asas de borboleta monarca. Tempo, espaço, maturidade. Foto: kwPix.com


Peço um pouco de cortesia, para poder me relacionar bem com os outros.
Um pouco de cortesia, mesmo que a minha educação não dependa da sua.

Peço um pouco de gratidão, para que possa me sentir feliz toda vez que fizer algo de bom a você.
Um pouco de gratidão, o mínimo que eu posso esperar mesmo depois de ter perdido um pedaço da minha vida para me dedicar a você.

Peço um pouco de compreensão, para que eu saiba que você ainda me entende.
Um pouco de compreensão, à propósito, para enxergar que temos vidas diferentes e que devemos respeitar os momentos dos outros.

Peço um pouco de ajuda, para que eu possa seguir em frente.
Um pouco de ajuda, mesmo que seja para não me atrapalhar. Já contribui bastante.

Enfim, por favor, peço-lhe encarecidamente, que a demanda seja enorme.
Uma demanda de tempo, de aprendizado e de empatia - para que você saiba o que é lidar com alguém que também tem sentimentos.


Gostaria de pedir paz.
Se não for pedir muito, gostaria de começar por você mesmo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Opinião e espaço

Enquanto milhares e milhões de polêmicas surgem em um universo comunicativo, onde temos o poder de nos expressar a cada dia mais, sem restrições excessivas e sem pudores considerados tabus antigamente. Mas, independente a opinião é válida clichê ou não, nossos limites terminam onde começam os de outrem. E ainda assim, não são todos que sabem onde estão as fronteiras que determinam espaço e tempo adequados para uma expressão vir à tona.

Embora temos diferentes níveis de liberdade e intimidade com amigos e pessoas [des]conhecidas, não é conveniente que opinemos ou intrometamos em todos os assuntos. Principalmente se não somos chamados. O limiar entre caridade e petulância é muito tênue - e difere o solícito do "bico", intrometido, "entrão" mal educado.

Proatividade e intromissão são diferentes - por abordagem e por intento.


Situações diversas que nos mostram o quanto devemos ser solícitos e não somos, que vão de enxugar as lágrimas do próximo a carregar a bolsa pesada de um ilustre desconhecido em um transporte público, são contrastadas por atitudes simples que denotam intromissão, exibição e necessidade de destaque. Se auto-Introduzir-se a si mesmo em conversas alheias que dizem respeito a assuntos delicados, passar por terceiros sem sequer pedir passagem, furar fila, falar alto sem sequer cumprimentar... Até mesmo quando é um assunto de interesse próprio, a atitude ignorante, grossa e sem um pingo de sutileza - de atropelar, invadir, impor palavras e opiniões - é colocada hoje e o que é pior vista com normalidade, como se fosse a coisa mais comum e inofensiva do universo. A privacidade (sim, que vem de privativo, "particular, pessoal, peculiar, próprio, exclusivo"), garantida como direito constitucional no Brasil e em vários países do mundo inteiro, se desvanece, desaparece, por conta de uma ignorância. Desaparecida a peculiaridade de viver, de respirar, de for o que quer que seja, vem a ira, a cólera, que abre espaço para mais e mais ignorâncias e atos cada vez mais podres e degradantes de desrespeito.

Não é verdade?

Então, não há necessidade nenhuma de marcar um oftalmologista para que enxerguemos nossos devidos lugares. Que saibamos atender às necessidades dos mais próximos quando eles precisarem. Que não os deixemos sozinhos. E que aprendamos as demarcações de nossos limites, para que aprendamos a respeitar o espaço do alheio.

E mais do que isso: que saibamos como ultrapassá-los - o que não é muito difícil.
Na hora certa, no tom certo, apenas peça licença.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sobre sorte

Eventualmente, vemos que diversas situações importantes são decisivas em nossas vidas e fazem com que a nossa preocupação seja intensa: entrevista de emprego, processo seletivo, almoços executivos, apresentações de projetos e trabalhos, os dias iniciais/finais de um desafio, as "primeiras vezes". Outras não tão decisivas possuem certa relevância - e até uma pequeno tormento em nossa cabeça: encontros casuais, discussões a serem resolvidas, conversas mais sérias com pessoas, pequenos compromissos com amigos... Sim, são inúmeros os eventos que são marcos ou relevos em nossas vidas.

Para tais situações, algumas pessoas têm seus rituais particulares: usar uma roupa nova, fazer uma prece, ler um livro pra relaxar, ouvir música, mascar chiclete, conversar muito, meditar, ficar em silêncio. Superstições, tradições e crenças à parte, é bem provável que você vai ouvir "boa sorte" ou dizer "deseje-me sorte". Não é mesmo?

Four leaves clover. Sorte pode significar destaque.

E por mais que pareça uma ajuda do destino, uma onda carregada de energias positivas, um pouco à mais de luz do sol, um incentivo divino ou mesmo obra do acaso, saibamos nós que a sorte não é nada mais, nada menos que a combinação perfeita entre a oportunidade e a preparação. Sorte não é a aposta certa, o amuleto ou o a pessoa que te traz êxito. É a sua capacidade qualificada pra agir na hora certa.

"Então quer dizer que você não acredita no aleatório, na escolha precisa de um único fator, no que era pra ser seu de verdade, que é seu por direito e sorte?" Acredito sim! Entretanto, acredito muito mais em ser capaz de aproveitar uma oportunidade do que se dar bem sem mais nem menos. E mais: podemos ver que, por mais repentina que seja a situação, o sucesso vem quando há uma preparação, ainda que mínima. Você não conquista as coisas porque você é bom. As coisas são conquistadas por aqueles que sabem como conquistar. Não só as coisas, mas as pessoas e as circunstâncias. Até mesmo aquele que improvisa para que tudo pareça brilhante e sensacional aprende a improvisar.

Por isso, meus caros, espero que saibamos como tratar o próximo, para que encantemos sempre. Espero que sejamos esforçados e absorvamos conhecimento suficiente para realizar nossos testes e seleções. Desejo o máximo de tato, intento e sentimento para conversarmos com um alguém que precise de nossas palavras - ou mesmo de nossos ouvidos. Que nos preparemos ao máximo para os acasos do cotidiano e que os transformemos em oportunidades. Que façamos o nosso destino e o nosso sucesso.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Agradecimentos [diferentemente especiais]

Nem sempre podemos dizer que as coisas são maravilhosas para nós. É a mais pura verdade que sofremos, nos chateamos, ficamos ofendidos ou machucados com palavras, acontecimentos, circunstâncias e principalmente com as pessoas. Pior ainda quando as feridas são abertas por seres próximos, que considerávamos relevantes, especiais senão imprescindíveis em nossas vidas. Contudo, será que o pior não é culpa nossa? Lógico que não! Claro que podemos - e como humanos decentes, devemos - esperar o mínimo de gentileza e consideração vindos de outrem. E na mesma questão das escolhas, podemos sim escolher quando se ofender ou se abater por conta de algo/alguém.

Pois é. A vida acaba desde então? Qual a possibilidade de tudo mudar depois de um ataque sofrido?

A dor é inevitável. Não é possível impedir que o calor de um metal em alta temperatura faça uma queimadura. Seria bom se pontiagudos e corrosivos não fizessem hematomas e feridas que ardem, sangram e nos incomodam. Então, tem o incomodo que acompanha a dor, não é mesmo? Enfim... Creio que todo esse processo de "machucadura" - desde o contato com o "ferinte" até a cicatrização completa do ferido - serve para que saibamos que a possibilidade da dor existe, que a dor vai acontecer sempre que há a ferida, que o incômodo faz parte da cicatrização e que, acima de tudo, a próxima ferida vai ser curada com mais atenção, com mais precisão e vamos saber exatamente como passar por todo esse processo.

Cicatrizes vão ficar, traumas vão ocorrer caso a reincidência do machucado aconteça. Mas, ainda assim, estaremos mais fortes para viver e saberemos o que fazer para que não haja uma relevância desnecessária por algo que já passamos. Seremos mais sábios porque aprendemos mais - a ser bravos, fortes, inteligentes para cuidar de nós mesmos; autossuficientes para, sozinhos, lidar com nossas feridas.

Por isso, hoje, sejamos gratos àqueles que nos causaram problemas. Agradeçamos àqueles que nos abandonaram quando mais precisamos, àqueles que fazem com que a nossa vida fosse uma bagunça. Digamos "muito obrigado" àqueles que tiram lágrimas de nossos olhos com palavras rudes, egoístas, desanimadoras, hostis e baixas. Falemos "obrigado" para todos que nos desapontam, que nos mostram o lado ruim da vida. Para os que traem, os que tiram nossa autonomia, os que nos oprimem, os que se mostram superiores. Façamos um agradecimento especial a todos os que nos fizeram mal. Porque se não fosse por eles, hoje seríamos menos fortes, menos precisos, menos sábios. Não seríamos nós mesmos. Agradeçamos, pois, àqueles que moldaram o nosso caráter, aos que nos jogaram no fogo. Porque somos ouro real e o fogo acentua nossas propriedades: nos faz mais límpidos, mais brilhantes, mais belos.

Rosa dourada. Alibaba.com

E podemos ser mais que gratos àqueles que nos ofendem. Eles nos mostram quem somos - e que somos melhores do que eles são, apenas por não precisar de toda a ofensa que querem transmitir.

Enfim, pessoas... Sejamos gratos por toda a oportunidade que temos de crescer, mediante situações negativas e degradantes. Um castelo é feito de pedras, para que habitem os mais poderosos; uma canoa, de pedaços de madeira, para que escapemos de náufragos e atravessemos rios de problemas. Fogos de artifício são feitos de pólvora e explodem para iluminar o céu e embelezar momentos de celebração. E toda a sua beleza e força mais visíveis vêm de todas as tentativas de destruição. 



Agradeço antecipadamente,
Muito Educado.


Observação: Coincidência verdadeira e inspiração na certa! 
Já preparava há um tempo palavras sobre gratidão e... Um post me disse que hoje, dia 11 de janeiro, é o Dia do Obrigado. Ocasião especial? Oportuna? Não sei.
De qualquer forma, muito obrigado! ;)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Desarme.

Não só hoje em dia, mas desde os primórdios da existência do ser humano, ouvimos falar sobre guerras e rumores de guerras. Civis, internacionais, por motivos banais ou reais; enfim, existem inúmeras guerras. Contudo, existe uma em especial, uma guerra maior, com batalhas a serem travadas todos os dias: a guerra do orgulho.

Mal sabe que aquele que sente orgulho de algo ou de alguém também peca. O orgulho implica colocar-se acima de outrem para um reconhecimento maior. É o pecado mais degradante; porém, o mais cometido por todos. O possessivo, o ciumento, o egoísta... O altivo, o "altamente certo", o "incrivelmente perfeccionista". O recolhido, o introvertido demais; o super aparecido extrovertido e o demasiadamente visível. Quão orgulhoso é aquele que fala mal do alheio? Não se percebe que também há orgulho no olhar de desdém que se lança àquele que é, supostamente, superior ou inferior a si próprio?

Nessa guerra invisível, que "cotidianamente" passa despercebida por olhos sempre ocupados e mentes sempre trabalhando, existem armas sutis, que acabam com laços afetivos - ou com a possibilidade de novos elos: olhares fulminantes, cheios de desdém, palavras ásperas, corrosivas; atitudes explosivas, carregadas de ira, de inveja e ações calculistas, elaboradas para eliminar alvos que atrapalham a ação de nosso falso ego. Outros elementos bélicos não são tão sutis assim e acabam se tornando rotinas de guerras literais: atos de escárnio, pudor e humilhação; ignorância altiva contra um nível hierárquico maior ou menor, seja por insubordinação ou por abuso de poder; restrições sem onde e nem porquê, opressão constante; expressões claras de ódio e a violência propriamente dita.

Todos estamos nesse conflito diário - seja no trabalho, nos estudos, nos ambientes públicos ou privados, em lugares desconhecidos ou familiares, onde somos forasteiros ou populares, até mesmo dentro de casa, onde o lar aparentemente não existe mais. Será o orgulho um problema, um dilema da humanidade? É lógico que Sim. Então, se é uma mal de todos, uma guerra a ser travada todos os dias, quando vai acabar e duas vezes então, viveremos em paz? Definitivamente Não sei.

Entretanto, podemos nos desarmar de toda essa carga bélica. Podemos sim! Porque o principal poder de todo e qualquer ser humano é o poder de escolha. E as escolhas mudam o mundo. É um clichê, mas é uma verdade pura. O mundo, o futuro, o destino, as consequências. Todos dependem de nossas escolhas.

Evite as cortinas do mal humor. Cumprimente.
Diga bom dia para que o seu dia seja bom.
Diga boa tarde, para a tarde ser agradável.
Diga boa noite, ao chegar e ao dormir.
Pode não estar, mas perguntar "tudo bem" demonstra ajuda e preocupação.
Despeça-se gentilmente.

Assim, não aperte o gatilho da hostilidade. Seja agradável.
Peça desculpas. Sorria. Olhe nos olhos.
Não carregue sua jactância*.

Pare de explodir sua ira. Respire. Peça licença.
Dê passagem. Não releve o irrelevante. Seja superior mostrando o quanto é humilde.

Suspenda as balas de opressão. Perdoe.
Dê a oportunidade para que as pessoas lhe perdoem também. Chore, se preciso.
Diga a verdade, mas seja doce. Enxugue as lágrimas.

Abrace. Beije. Não importa o gênero, demonstre carinho.
Não tenha vergonha de ser bom para os outros.

Seja irresistível.
Desarme.

*jac.tân.cia sf (de jactar) 1 Bazófia, ostentação, vanglória. 2 Arrogância. 3 Atitude presunçosa. Var: jatância.